tempo de navios desabitados
esta fala silenciada pelas âncoras
o corpo que pende das mãos
de um deus que não
se agita feito o mar
a sede de quem se move
entre as águas
tempo de navios desabitados
esta fala silenciada pelas âncoras
o corpo que pende das mãos
de um deus que não
se agita feito o mar
a sede de quem se move
entre as águas
não abandonaremos a casa
tampouco a memória das chuvas
as plantas que abraçaram os muros
a precariedade dos telhados
há um novo deserto para tudo
uma noite apenas
para as mãos que removem a terra
e plantam este cansaço
dos olhos às raízes
a palavra âncora
rompendo o chão